A participação dos Escoteiros na
revolução constitucionalista foi a
mais ampla possível. Servindo a
Cruz Vermelha Brasileira nos
hospitais, entregando mensagens,
atuando nas atividades de logística
e, inclusive, apoiando os homens
na frente de batalha. A luta em
favor da democracia orgulhou o
próprio fundador do Movimento
Escoteiro que elogiou os esforços e
o espírito escoteiro de nossos
escoteiros.
A foto, acima, mostra um lobinho e um escoteiro, juntamente com um grupo de
senhoras e o pavilhão paulista. Aldo Chioratto
Nasceu em Campinas, no dia 05 de outubro de 1922 e
foi registrado como Quioratto, nome de seus pais.
Pertencia ao Grupo Escoteiro Ubirajara, da Associação
dos Escoteiros de Campinas; era aluno do Grupo Escolar
Orozimbo Maia.
Durante o conflito havia duas entidades que atuavam na
gestão do escotismo a Cruzada Escoteira e a Boy Scout
Paulista é muito provável que ele tenha pertencido
Cruzada, uma vez que ele estava vinculado a um Grupo
Escoteiro de um Grupo Escolar, o que foi muito comum
no período.
Quanto a segunda entidade não há possibilidade pois ela
atuou apenas na Capital com Escoteiros e no Vale do
Paraíba com os Pioneiros que por sinal fizeram um
maravilhoso trabalho relatado em um folheto escrito na
época por João Mós um dos grandes escotistas que este
país teve.
Como escoteiro da Comissão Regional de Campinas e
agregado à Cruzada Escoteira Pró-Constituição, foi incorporado nas tropas paulistas,
como mensageiro requisitado pelo Coronel Mário Rangel. Gozava de grande estima dos Oficiais do Quartel General pela sua vivacidade e simpatia.
Seu trabalho era transporte e correspondência da estação ferroviária até o Quartel, em
Campinas. A revolução estava no seu auge; centenas de vidas já se haviam perdido e
São Paulo resistia graças aos seus valorosos soldados e voluntários.
Campinas, por ser entroncamento ferroviário, era muito assediada pela aviação
“Legalista” que, com seus “Vermelhinhos” castigava constantemente a cidade e seus
postos de resistência.
Em um desses ataques, logo pela manhã do dia 18 de setembro de 1932, uma série de
estilhaços – 13 ao todo – atinge o bravo escoteiro que, ferido mortalmente, não abandona
seu bornal de mensageiro.
Ele estava entregando correspondência e o local, segundo levantamento feito por Chico
Marcondes, foi o corredor de uma residência no centro próximo à estação da estrada de
ferro Cia. Mogiana e Paulista.
Aldo Chioratto não resiste a tão forte agressão ao seu frágil, mas valente corpo e vem a
falecer em virtude dos ferimentos. Foram 13 estilhaços... 13 são as listas da bandeira de
São Paulo.
Aquela criança morria, sacrificada no altar medonho da guerra; aquela criança que,
acima de tudo fora leal à sua terra, não respirava mais, mas começava a viver para a
eternidade na lembrança dos seus companheiros, do seu chefe, de seus pais, na
lembrança do escotismo de São Paulo.
Aldo Chioratto era escoteiro na cidade de Campinas durante o período da revolução
constitucionalista de 32. Uma revolução vitoriosa apesar da derrota
Os paulistas esperavam a adesão de outros Estados, o que não aconteceu. Em outubro de
32, após três meses de luta (85 dias), os paulistas se rendem. Prisões, cassações e
deportações se seguem à capitulação.
São Paulo lutou contra vinte e um Estados, embora vencido pela esmagadora
superioridade militar da União, São Paulo obteve, sem dúvida, mais cedo do que fora de
esperar, o triunfo de sua causa. O ato de desafio coagiu o Governo a convocar, um ano
depois, a tão procrastinada Assembléia Nacional Constituinte.
Preparou-se desse modo o fim do poder discricionário e deram-se os primeiros passos
para a elaboração da Carta Constitucional. Com a dissolução do Governo Provisório, uma
nova República — a segunda de nossa História — teve seu princípio.
Últimas palavras
Quem assistiu a Revolução de 32, até hoje não consegue entender aquele entusiasmo de
crianças e mulheres fazendo roupas e capacetes para os soldados. Os escoteiros
entregavam telegramas. As crianças tocavam na rua, na Av. Paulista, levavam o Getúlio
dentro de uma gaiola.
Aqueles que tiveram a oportunidade de viver seu ideal escoteiro naquela ocasião se
orgulham, até hoje, de usar seu lenço escoteiro e dizer-se: Eu estive lá e cumpri meu
dever de ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião!
Aldo Chioratto é para o escotismo paulista, o protótipo do escoteiro. É, na realidade, a
personificação do segundo mandamento da lei escoteira – “o Escoteiro é leal”; foi leal no
cumprimento os seus deveres, foi leal aos princípios e à necessidade de ser responsável,
mesmo que isso lhe custasse a própria vida.
Outros heróis, como Elias dos Santos Oliveira, de 90 anos, corneteiro da cavalaria, se
emociona ao lembrar o passado. ‘‘Era escoteiro quando me convidaram para servir e eu
me senti honrado’’, disse Elias.
Os restos mortais de Aldo repousam hoje no Mausoléu Constitucionalista, Ibirapuera, São
Paulo, ao lado de outros tantos heróis dessa epopéia. Única criança a transpor o altar e
as portas da glória. Sua memória permanece indelével em nossos corações e, como um
símbolo iluminado em nosso caminho, brilha para Sempre... Alerta até a Eternidade.